As Diferentes Óticas da Contabilidade

Cada empresa tem funções a desempenhar e objetivos a atingir, ao nível dos produtos/serviços ou dos departamentos existentes, sobre os quais é necessário apurar os custos, proveitos e resultados de cada um.

A contabilidade geral apura esses valores de uma forma global, competindo à contabilidade analítica a medida, análise e reporte dos custos, proveitos e resultados prosseguidos pelas empresas, funcionando como um subsistema de informação. Embora originária do setor industrial onde mais se desenvolveu, nomeadamente para apuramento do custo dos produtos fabricados, possibilita igualmente informação relevante e essencial para todos os outros setores de atividade (comercial, serviços, financeiro, indústria extrativa, etc.).

A contabilidade geral não mostra como os custos/proveitos da empresa se distribuíram pelos produtos vendidos/fabricados, logo não determina também o custo unitário de cada produto, elemento essencial para o cálculo dos preços de venda. Qual a contribuição individual de cada produto para o resultado global do exercício? Com esta informação pode-se verificar quais os produtos que dão prejuízo e por conseguinte tomar as decisões mais convenientes.

A contabilidade geral é a contabilidade externa das empresas, tratando fundamentalmente do registo de operações externas, tendo os seus elementos interesse para entidades terceiras como o Estado, credores, sócios, entre outros.

Por outro lado, a contabilidade analítica é a contabilidade interna das empresas, tratando fundamentalmente da contabilização de operações que se realizam dentro da empresa, determinando e analisando os custos e proveitos pois tem como objetivo os aspetos económicos da gestão.

A contabilidade analítica tem por objetivo fornecer informações de natureza económica para planeamento e controlo da gestão, tomada de decisões e para avaliação das existências finais com vista ao apuramento dos resultados no fim dos períodos contabilísticos. Para tal existem dois sistemas distintos:

  • dualista, em que as duas contabilidades (geral e analítica) se encontram separadas, não se movimentando contas de uma por contrapartida da outra, embora tenha de existir concordância entre os custos e os proveitos registados em ambas.
  • E o monista, no qual existe movimentação de contas da contabilidade analítica por contrapartida de contas da contabilidade geral. No sistema monista radical, com integração completa, todas as contas das duas contabilidades aparecem nos mesmos diários e balancetes, sendo movimentadas por contrapartida umas das outras. A grande desvantagem deste sistema centra-se na dificuldade em localizar eventuais erros em diários cujos movimentos comportam contas quer da geral quer da analítica. Serão os erros na contrapartida das contas da geral? Na reflexão das contas da analítica? Ou um misto de ambas?

Nos centros de responsabilidade (vulgarmente designados por centros de custo) são registados e apurados os custos, os proveitos, os resultados e os investimentos de funcionamento da empresa que poderão servir de input às contas analíticas. 

Estes centros representam os segmentos organizacionais da empresa cujos responsáveis terão de responder pelos resultados obtidos perante os responsáveis hierárquicos superiores que, no topo da cadeia, representam a administração, a gerência ou os associados.

Para atribuição de chaves de repartição a estes centros terão de ser analisadas as bases de imputação mais adequadas, uma vez que nem sempre é possível definir uma unidade de obra.

Como tal, estas bases de imputação podem advir de áreas tão distintas como a administrativa, a financeira, o aprovisionamento, a produção ou a distribuição.

Por último não se pode nem se deve dissociar a gestão orçamental do sistema contabilístico, dado que o orçamento possibilita uma visão integrada das operações, dos custos, dos proveitos e dos fluxos financeiros, constituindo o modelo económico e financeiro da empresa.

O relacionamento destas duas áreas é biunívoco porque, se por um lado, a contabilidade utiliza, na valorização das prestações internas de bens e serviços, custos definidos no orçamento, por outro fornece os dados reais necessários ao controlo do orçamento.

A contabilidade orçamental carateriza-se pela quantificação de custos, proveitos e fluxos financeiros dos planos de ações dos gestores (em quantidades, valores e prazos), permitindo a análise periódica (em geral mensalmente) de desvios e consequente adoção de medidas corretivas, quer sejam orçamentos operacionais (compras, produção ou vendas) quer sejam orçamentos globais (tesouraria, financeiro, demonstração de resultados previsionais ou balanço previsional).

Esta área da contabilidade provém da evolução dos sistemas de informação internos das empresas que permitem aos gestores a tomada de decisões não só através da observação pessoal e dos dados históricos mas também, por imperativos de melhoria dos níveis qualitativos de gestão e/ou de dimensão da empresa, através do controlo orçamental facilitando a coordenação e a delegação de tarefas indispensáveis à descentralização de tomada de decisões, motivando e responsabilizando os colaboradores.

Os orçamentos podem ser rígidos ou flexíveis, sendo que no primeiro caso não permitem que os custos ultrapassem o valor orçamentado, levando a eventuais correções do orçamento inicial, permitindo-o no segundo caso.

Fonte: Artsoft Blog

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